[...] construções e expectativas sociais sustentadas em relação aos homens e às mulheres. Em outras palavras, gênero diz respeito ao modo como a sociedade constrói representações sobre ser homem e ser mulher e pressupõe que sejam naturalmente estabelecidas. Desde pequenos, educamos os meninos para agirem de uma determinada forma e as meninas de outra. ( HEILBORN, ARAÚJO & BARRETO, 2010, p. 13, módulo 2 )
Cemin (2003) conceitua gênero como a construção cultural e simbólica das relações entre homens e mulheres, indicando que não existem atribuições naturais para homens e mulheres que sejam fundadas biologicamente e, sim, atribuições sociais, ou seja, papéis: tarefas e valores considerados pertinentes em cada sociedade às pessoas de cada sexo.
Em relação à profissão docente, atualmente, o papel da professora vai além da mediação do processo de construção do conhecimento do (a) aluno (a), ampliando-se a missão da profissional da educação a fim de garantir uma articulação satisfatória entre escola e comunidade. O que vemos é que a professora, além de ensinar, deve participar da gestão e do planejamento escolares, o que significa uma dedicação mais ampla, que se estende às famílias e à comunidade, assumindo o papel também de cuidadora e de “tia” dos (as) alunos (as), papeis relacionados ao gênero feminino.
Diante desse contexto, encontramos professoras desmotivadas, exaustas emocionalmente devido às pressões da profissão docente e da conciliação entre o trabalho e os cuidados com o lar e a família, além de apresentarem uma série de queixas de saúde, o que provoca o absenteísmo e afastamento do trabalho como um mecanismo de defesa. Assim, pode-se também verificar uma maior ocorrência de determinadas queixas de saúde e doenças em mulheres docentes (depressão, enxaquecas, problemas nas cordas vocais), tendo em vista que a docência nas séries iniciais do Ensino Fundamental é marcadamente feminina. De acordo com Heilbon, Araújo & Barreto,
O modo como cada cultura constrói o gênero irá definir um determinado padrão de organização das representações e das práticas sociais no mundo público (rua) e na vida privada (casa), estabelecendo lugares distintos para homens e mulheres e uma dinâmica peculiar entre ambos. Transformações societárias vêm tornando cada vez menos expressivo o modelo tradicional de família no qual a mulher se ocupa exclusivamente da casa, e o homem, do provimento material. Embora as mulheres tenham conquistado expressivo espaço no mercado de trabalho, a participação dos homens nas decisões e nas obrigações referentes à vida doméstica não se faz na mesma proporção, deixando às mulheres a difícil tarefa de conciliar família e emprego. Vemos de forma preponderante o enraizamento da desigualdade de gênero na divisão das tarefas de casa. ( HEILBORN, ARAÚJO & BARRETO, 2010, p. 02
Por ser uma profissão marcadamente feminina, pode-se estabelecer uma ligação dela com os baixos salários e a desvalorização profissional ratificando a ideia de que no mercado de trabalho as diferenças entre os gêneros também determinam diferenças nos salários e nas carreiras escolhidas, pois as mulheres acabam por seguir carreiras tidas como femininas ( como a educação ) e menos valorizadas socialmente.
REFERÊNCIAS:
* CEMIN, A. et al. Imaginário de gênero e violência em Porto Velho. Revista do Centro de Hermenêutica do Presente. Porto Velho, ano 1 , n. 128, jan. 2003. Disponível em: <http://www.unir.br/~primeira/artigo128.html>. Acesso em: 03 out 2011.
* HEILBORN, Maria Luiza; ARAÚJO, Leila; BARRETO, Andreia (orgs). Gestão de políticas públicas em gênero e raça/GPP-GeR: módulo 2. Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2010
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